O que é a verdade?

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Uma das características da era em que vivemos é a noção de que a verdade não é mais absoluta; ou seja, as verdades são particulares, não há mais unanimidades, pois se valoriza a opinião pessoal. O que vale agora é o que cada um pensa, porque a verdade depende do indivíduo.
Entretanto, quando olhamos a Bíblia percebemos claramente que a verdade faz parte do caráter de Deus (1Samuel 15:29; Salmo 25:5; 43:3; 86:11; 119:160; Tito 1:2), sendo Ele mesmo chamado de “... Deus da verdade” ou “Deus verdadeiro” (Salmo 31:5; Isaías 65:16; Jeremias 10:10; João 17:3; Romanos 3:4). A Bíblia também atesta de forma veemente que Deus é imutável (Salmo 102:27; Isaías 48:12; Tiago 1:17), sendo essa característica uma evidência da “imutabilidade de seu propósito” (Hebreus 6:17). Portanto, a verdade de Deus é imutável, assim como Seu caráter eterno. E para que essa verdade fosse manifestada aos homens Ele nos deu o Evangelho.
O Evangelho revela a glória de Deus. De acordo com a Escritura, Deus é Soberano, o Criador de todas as coisas (Neemias 9:6; Salmo 24:1,2). Ele sabe de tudo (Jó 37:16; 1João 3:20), sustenta todas as coisas e é dono de tudo (Salmo 36:6; 104:24-30; Deuteronômio 10:14). Ele é Santo, e Sua santidade revela não apenas Sua pureza e beleza, mas também a Sua total dignidade, sendo totalmente separado de Sua criação (1Samuel 2:2;). Ele é justo em todos os Seus caminhos, correto na manifestação de Sua justa ira e profundamente amoroso (Deuteronômio 32:4; Romanos 3:5,6; 1João 4:16).
Contudo, vivemos tempos difíceis, onde o Evangelho está sendo mascarado para esconder a beleza de Deus e minimizar Seus atributos. O mercado “cristão” apresenta uma série de livros, canções e mensagens que pintam um quadro apenas de um Deus amoroso e nada mais. Claro que Deus é um Pai amoroso, mas não somente isso. Não podemos limitar nosso entendimento de Deus apenas neste quadro, pois assim corremos o risco de distorcer a imagem de Deus em detrimento de nossa cultura.
É verdade, Deus é um Pai amoroso, mas também é um Juiz irado. Em Sua ira, aborrece o pecado e o pecador também. Como nos disse o profeta: “Tu, que és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e não podes contemplar a maldade!...” (Habacuque 1:13). Sim, a Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus abomina os pecadores: “Os arrogantes não permanecerão na tua presença; detestas todos os que praticam a maldade” (Salmo 5:5). No Evangelho de João, onde encontramos a mais bela definição do amor de Deus (João 3:16), encontramos também a menção da ira divina: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem, porém, mantém-se em desobediência ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3:36).

O Evangelho revela realidades eternas sobre Deus que a nossa geração não deseja ouvir nem enfrentar. A opção de muitos é cruzar os braços e desfrutar dos clichês evangélicos, imaginando com isso um Deus paternal que pode ajudá-los, embora deixem de lado a visão de um Juiz reto. Por isso a cristandade evangélica tem enchido a vida com entretenimentos eclesiásticos, com seus cantores e pregadores do mundo gospel. No medo de buscarem de fato a compreensão e a verdade de Deus e da Sua Palavra, buscam alternativas para se iludirem na falsa ideia de que Deus apenas os ama. A verdade do Evangelho nos leva a dar a glória a Deus, mas esta geração prefere a sua própria glória.
O que é a verdade? A verdade é que cada um de nós nasceu com um coração mau que aborrece a Deus (Gênesis 8:21; Lucas 11:13). Diferente do que muitos pensam, nós não nascemos amando a Deus, mas na verdade fugindo dEle. Em nossa maldade nos rebelamos contra Deus quebrando Sua Lei e desobedecendo Sua vontade (Gênesis 3). Desdenhamos da autoridade do Criador, pois enquanto toda a criação obedece a voz do Criador, nós temos a audácia de dizer a Deus: “Não!”.
Jesus declarou: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34). Não somos apenas escravos do pecado, mas também estamos cegos da verdade de Deus (2Coríntios 4:4), “obscurecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância e dureza do coração” (Efésios 4:18). Nossos corações são duros como a pedra, somos inimigos de Deus (Romanos 5:10) e objetos de Sua ira, mortos espiritualmente e eternamente separados de Deus (Efésios 2:1-3). O pior de tudo é que não podemos fazer coisa alguma para a nossa condição diante de Deus. Da mesma forma que um escravo não pode libertar-se a si mesmo, nem o cego pode recuperar a vista por suas próprias forças nem um morto voltar a vida por si mesmo, assim nós também não podemos nos salvar.
A verdade do Evangelho nos confronta com a nossa condição pecadora. Por não querer ver a verdade muitos optam em viver no evangelho de mentira. Vivemos numa cultura que prega a autossuficiência, a autoestima, a autossuperação e uma confiança em si mesmo. Vivemos numa era em que a moralidade humana é vista como algo possível, pois há bondade neste ser. E assim, basta frequentar a igreja, obedecer parcialmente a Bíblia e uma oração supersticiosa que isso é o suficiente. Entretanto, sabemos que isso não é verdade.
O evangelho moderno diz: “Deus te ama e tem um maravilhoso plano para a tua vida; segue os passos corretos e serás salvo”. Todavia, o Evangelho Bíblico diz: “És inimigo de Deus, está morto em teu pecado e o teu atual estado é de rebelião; nem sequer podes ver que necessitas de vida e muito menos podes reviver a ti mesmo. Desse modo dependes de Deus de maneira radical para ter a vida e a salvação”. Como disse David Platt no seu livro Radical: “A primeira vende livros e atrai multidões. A última salva almas. Qual é a mais importante?” (2011, p.38).
O que é a verdade? Ela é incômoda, mas necessária. É confrontadora, mas essencial. É radical, mas traz liberdade. Como disse Jesus: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

 Pr. Gilson Jr.

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